segunda-feira, 5 de abril de 2010

Curcuma



Curcuma longa - açafrão, curcuma ou zedoária

A Curcuma é uma planta da família das Zingiberaceae, originário da flora asiática, principalmente da Índia, se espalha por outros países tropicais e no Brasil foi introduzido na época colonial, se adaptando em boa parte de nosso território. Tem em seu nome o significado de “mérito da terra” e está datada em um herbário assírio de 600 a.C. É uma planta utilizada para fins religiosos, condimentar e medicinal. Era queimada em cerimoniais para espantar os maus espíritos, seu pigmento foi e continua sendo largamente empregado na coloração de roupas e produtos alimentícios. (MANZAN, 2002)
Seu uso é muito difundido como corante, sendo empregado por farmácias, na culinária e para tingir tecidos, aliás, os trajes típicos budistas têm a cor amarelada pela curcuma. (ALMEIDA, 2006)
As qualidades da curcuma fazem dela de fácil emprego no mercado alimentício, como fonte de amido em bolos ou como corante em mostarda, macarrão, sorvetes, ovos, queijos, salgadinhos tipo chips, carnes e margarina. (ESALQ, 2009)
Consiste em uma planta herbácea de ciclo perene, que chega alcançar até 1.5 metros de altura. Possui um rizoma de coloração amarelo-alaranjado, de consistência carnosa e caracterizado por anéis, suas folhas são longas com formato oblongo-lanceolado de origem basal, flores com coloração amarelas agrupadas em inflorescências, seu fruto é do tipo cápsula possuindo três sementes. (NEGRAES, P, 2003)
No Brasil, a curcuma ainda tem pequena expressão econômica. Mara Rosa (GO) é a cidade que apresenta a maior produção comercial, com cerca de 150 hectares produzindo em média de 12 t/ha de rizomas, destinos em quase toda sua totalidade às indústrias de corantes e alimentos brasileiras. (ESALQ, 2009)

Parte utilizada
Rizoma (raiz)

Princípios ativos
A curcuma possui em sua composição uma serie de constituintes químicos, sendo que os compostos mais biologicamente ativos são: curcumina, dimetoxi curcumina, bis-dimetoxi curcumina, isômeros geométricos cis-trans da curcumina, arturmerona, turmerona, curcomona, turmerol A e turmerol B. (ALONSO,1998)
Outros componentes encontrados no rizoma seco da curcuma são os óleos essenciais, álcool, dimetilbenzílico, zinzibereno, ácido caprílico, borneol, açucares, e pineno, linalol, a-felandreno, d-sabineno, cineol, p-limoneno, ad-cariofileno, gordura, minerais, proteína, fibras, carboidratos e caroteno. (OMS, 1999 / HMA, 2009)

Propriedades terapêuticas
Antiinflamatória, antidispéptica, colerético, anticoncepcional, espasmolítica, hepatoprotetora, antioxidante, antiagregante plaquetária, antiinfecciosa, antiasmática e antimutagénica. (ALONSO,1998 / FRANCO, 2004)
Em diversas literaturas, encontramos estudos que confirmam as atividades antiinflamatórias, antioxidantes, anticancerígenas e nutracêuticos da curcuma, e num estudo realizado in vitro, quanto à ação antimicrobiana da curcuma concluiu-se que o extrato etanólico da bisdesmetoxicurcumina demonstrou in vitro atividade antimicrobiana para o Bacillus subtilis. O óleo essencial obtido por hidrodestilação em aparelho de Clevenger apresentou atividade antimicrobiana in vitro para o B. subtilis, S. choleraesuis, E. coli, A. niger e S. cerevisiae. Essa atividade aumentou com o aumento da concentração. (ALMEIDA, 2008)
Os extratos de Curcuma longa e Aristolochia cymbifera, foram utilizados no tratamento local em coelhos envenenados por Bothrops alternatus, os resultados mostraram uma maior eficiência do extrato de Curcuma minimizando os efeitos locais da picada como edema, hemorragia e necrose. (MELO, LÚCIA e HABERMEHL, 2007)

Trabalhos realizados com os corantes da curcuma mostraram efeitos colerético, colagogo e protetor hepático em ratas. Outro estudo mostra uma involução de cálculos biliares com uso de curcumina e a melhora das funções das enzimas do fígado. (FRANCO, 2004)

Indicações terapêuticas
A curcuma pode ser indicada como antibactericida, para melhorar os processos de digestão, combater ulceras gástricas, aliviar inflamações decorrentes de artrite e artroses, afecções cutâneas, problemas hepáticos, prevenir o deposito de gordura nos vasos sanguíneos, empregada como antioxidante e em casos de câncer. (PANIZZA, 2005)

No Oriente, é usada como hepatoprotetor, estimulante das vias biliares, antiflatulento, diurética, afrodisíaca, diurética, antiparasitária, antifebril, antiinflamatória e para a circulação. Na China é utilizada contra o câncer de colo de útero, em aplicação local e via oral. Usos aprovados pela comissão E, problemas dispépticos, o uso como antiinflamatória, antioxidante, hepatoprotetora, hipolicemiante e como anticancerígena. (ALONSO, 1998/ ESCOP, 2003)

Contra indicações
Vias biliares obstruídas, o abuso ou uma subredosagem podem provocar irritação da mucosa do estômago que pode induzir a formação de úlceras gástricas, cólicas biliares, icterícia obstrutiva e casos de intoxicação extrema do fígado. A aplicação de curcuma deve ser evitada nos primeiros três meses de gravidez, nas mulheres com dificuldade de engravidar, nas pessoas com dificuldade de coagulação sanguínea e em pacientes em uso de anticoagulantes. (HMA, 2009)

Uso culinário
A curcuma é uma raiz dourada com aroma silvestre, forte, fresco lembrando o gengibre e a pimenta seu sabor levemente amargo e pungente, bastando uma pequena pitada para conferir sabor e cor aos pratos. (NEGRAES, 2003)
Tem seu uso muito difundido na cozinha indiana, sendo um dos constituintes principais do curry, e na composição dos molhos a base de mostarda. Suas características enriquecem pratos derivados de arroz, ovos, sopas, molhos para saladas, refogados de legumes, frutos do mar, salmão, frango, carne de porco e pães. (LINGUANOTTO, 2004) (HMA, 2009

Plantio
O plantio é iniciado nos meses mais chuvosos, entre setembro e novembro, e a sua propagação se dá a partir dos gomos com cerca de 1 a 2 brotos cortados de seu rizoma que podem ser plantados diretamente ao solo respeitando um espaçamento de 70 por 30 cm. (EMBRAPA, 2002)
Sua colheita é manual e realizada após 8 meses de seu plantio, se estendendo até 12 meses. Depois de colhido podem ser conservados frescos guardados em refrigeração por algumas semanas, ou podem ser secados ao sol ou em desidratadores, nunca acima de 60ºC, e depois triturados e guardados em potes ao abrigo da luz, no caso do gengibre, eles ainda podem ser fatiados e conservados em vinagre ou ainda serem cristalizados. (NEGRAES, 2003)
Não se aconselha o cultivo continuo em uma mesma área, pois existe um desgaste grande no solo o que pode levar a uma queda acentuada na produção, aconselhando-se fazer rotação da área com outras culturas. (EMBRAPA, 2002)
A curcuma se adapta ao cultivo em pequenos espaços, como vasos, sendo necessário apenas observar a profundidade do local onde será plantado e a manutenção mais constante dos nutrientes. (ibid.)

Referências
ALMEIDA, Lúcia Péret de. Caracterização de pigmentos da curcuma longa l., avaliação da atividade antimicrobiana, morfogênese in vitro na produção de curcuminóides e óleos essenciais. Belo Horizonte, MG: Faculdade de Farmácia da UFMG (Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos) Disponível em http://dspace.lcc.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/MBSA-6X4M39/1/TESE+LUCIA.pdf – Consultado em 15/08/2009

ALONSO, Jorge R. Tratado de Fitomedicina: Bases clínicas e farmacológicas. Argentina, Rosário: Corpus Libros, 1998.

EMBRAPA. Gengibre. Brasília, DF: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2002. Disponível em http://www.cpafro.embrapa.br/embrapa/infotec/gengibre.PDF – Consultado em 11/08/2009

ESALQ. Plantas medicinais e aromáticas: cultivo de horta medicinal. Piracicaba, SP: USP, 2009. Disponível em http://www.esalq.usp.br/siesalq/pm/p05.pdf – Consultado em 16/08/2009

ESCOP MONOGRAPHS. The Scientific Foundantion for Herbal Medicinal Products. 2 ed. Editora Thieme, 2003.

FRANCO, Dr. Luiz Carlos Leme. Fitoterapia para a Mulher. Curitiba, PR: 2004.


HMA. Açafrão. Goiânia, GO: Secretaria de Estado da Saúde, 2009. Disponível em http://www.hma.goias.gov.br/index.php?idMateria=29544 –Consultado em 16/08/2009

LINGUANOTTO, Nelusko Neto. Ervas & Especiarias: com suas receitas: dicionário gastronômico. 2ª ed. São Paulo: Gourmet Brazil / Boccato Editores, 2004.

MANZAN, Anna Carolina M. et al. Obtenção dos princípios ativos da curcuma (Curcuma longa linn) pelo processo de extração com solventes voláteis In: XI Encontro Anual de Iniciação Científica . Maringá, PR: Universidade Estadual de Maringá, de 1 a 4/10/2002. Disponível em http://www.ppg.uem.br/Docs/pes/eaic/XI_EAIC/trabalhos/%0barquivos/11-2067-0.pdf – Consultado em 13/09/2009

MELO, Marilia Martins; LUCIA, Maria e HABERMEHL, Gerhard G.. Tratamento tópico com extratos de plantas no envenenamento por Bothrops alternatus.In: Revista Brasileira de Farmacognosia. João Pessoa, PB: 2007 (v. 17, nº 1). Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php – Consultado em 02/09/2009

NEGRAES, Paula. Guia A-Z de Plantas: condimentos. São Paulo: Bei Comunicação, 2007.

___________. Who Monographs on Selected Medicinal Plants. Geneva: WHO, 1999 (v. 1). Disponível em http://whqlibdoc.who.int/publications/1999/9241545178.pdf%20–%20Consultado%20em%2009/08/2009


PANIZZA, Sylvio. Plantas na cozinha: ensinando a cuidar da saúde com temperos, especiarias e outros alimentos. São Paulo: Prestígio, 2005.

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