Gengibre - Zingiber officinallis
Sua origem é indiana e seu nome derivado da palavra sânscrita cringavera, derivando da família das Zingiberácea. Foi cultuada por diversos povos sendo considerada pelos chineses como um alimento espiritual, capaz de ligar o homem com os deuses. Ao longo do tempo passou de planta muito cara e destinada apenas a nobreza, por uma popularização tendo seu acesso disponível a todas as classes sociais a partir do império romano. Foi disseminado por toda Europa passando por épocas de desuso, mas voltando com maior força nos últimos tempos devido a diversas descobertas científicas quanto a suas propriedades medicinais.
O gengibre tem sido utilizado no oriente há mais de 2.000 anos, havendo referências de que nos séculos XII a XIV era tão popular na Europa quanto a pimenta do reino. Antes do descobrimento da América já era largamente utilizado pelos árabes, como expectorante e afrodisíaco, sendo difundido por toda a Ásia tropical, da China à Índia. Foi introduzido na América logo após o descobrimento, sendo que os primeiros relatos comentam que inicialmente foi cultivado no México, sendo em seguida levado às Antilhas, principalmente à Jamaica, a qual em 1.547, chegou a exportar cerca de 1.100 t para a Europa (LISSA, 1996).
O gengibre possui um amplo espectro de mercado, sendo comercializado como planta medicinal, na indústria de perfumes e na indústria alimentícia para produção de bebidas, produtos de confeitarias como pães bolos, biscoitos e geléias, na culinária oriental em pratos frescos ou em conserva. Ainda dentro da industria de alimentos seu uso como condimento melhora o aroma e a pungência devido à presença de constituintes aromáticos e voláteis e sua ação antioxidante, é importante na estabilidade química de muitos produtos, contribuindo para retardar a oxidação de óleos e gorduras em alimentos, tanto de origem vegetal, como de animal. Essa ação tem sido creditada aos grupos fenólicos presentes nos constituintes do gengibre, como o gingerol, shogaol e gingerona.
Cultivo - Solo/Clima: Amplamente cultivada pelo mundo com destaque para o Camboja, China, Índia, Vietnã, África, México e Jamaica. No Brasil o gengibre é cultivado principalmente na região sudeste e sul principalmente nas regiões litorânea, e a maior parte de sua produção é destinada ao mercado externo (R. bras. Agrociência, Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005).
A estação das chuvas é a indicada para iniciar o plantio de gengibre, em especial os meses de setembro a novembro, preferindo os climas tropical e subtropical.
O gengibre se desenvolve melhor em terrenos areno-argilosos, com boa quantidade de húmus e bem drenados. Para o melhor desenvolvimento da planta é necessário seu cultivo em áreas bem ensolaradas.
Sua propagação se dá a partir dos gomos, que são pedaços de rizoma, com 1 a 2 brotos que podem ser plantados diretamente no solo sendo que o mesmo deve ter uma camada de terra fofa de aproximadamente 25 cm, os rizomas devem estar a oito centímetros a distância um do outro e os canteiros devem ter cerca de um metro para o bom desenvolvimento da raiz.
Sua colheita é manual e realizada depois de 6 meses do plantio, se estendendo até 10 meses, sendo que quanto mais novo for o gengibre menos picante ele é.
O gengibre após colhido pode ser conservado frescos guardados em refrigeração por algumas semanas, ou podem ser secados ao sol ou em desidratadores, nunca acima de 60ºC, e depois triturados e guardados em potes ao abrigo da luz, podem ser fatiados e conservados em vinagre ou ainda serem cristalizados.
Não se aconselha o cultivo continuo do gengibre em uma mesma área, pois sofre queda acentuada de produção
Parte usada: Rizoma (raiz)
Princípios ativos: Óleos essenciais entre 2 e 3% constituídos de sesquiterpenos e monoterpenos, amido (60%), aminoácidos, proteína, vitaminas (B3 e B6), sais minerais (cálcio, manganês, selênio e zinco), sabores amargos e acres, ácidos orgânicos e mucilagem.
Propriedades terapêuticas: Estimulante gastrintestinal, aperiente, carminativo, antiemética, rouquidão, tônico, expectorante, reumatismos, anti-séptico e antiinflamatório.
O extrato de gengibre apresentou atividade inibitória sobre os sorotipos de E. coli: 08 (enterotoxigenico) e 088.
Indicações terapêuticas: Artrite, sintomas do aparelho respiratório como rinite, faringite, laringite, tosses, irritações das cordas vocais e alergias respiratórias, na redução do colesterol, para aumentar a imunidade celular e até externamente para estimular a circulação, reduzir dores e rigidez musculares, combater gases intestinais, traumatismo, reumatismo , diabete, asma, bronquite, amigdalite.
Hoje é popularmente usado como estomáquico (digestivo), carminativo e para náuseas e vômitos (aniemético). Principalmente pós-operatórios e os causados por viagens (as marítimas, por exemplo), o que foi provado por J. Pace em 1987 e comprovado por M. Bone et al em 1990, no Hospital São Bartolomeu de Londres, além de outros estudiosos.
É o melhor medicamento para náuseas e vômitos, Há seis trabalhos internacionais publicados, de 1998 para cá, comprovando ações desta planta espetacular. W. Rasmussen Fischer (em 1990) estudou seu efeito em grávidas e fez com que o European American Phytomedicines Coalition pleiteasse perante o FDA a sua inclusão como droga antinauseante. O Dr. Daniel Mowrer (em Utah, EUA) revelou que esta droga é melhor que o “dramamine”, droga conceituada mundialmente como antiemética de primeira. Em 2000, o British Journal of Anaesthesia, em seu volume 84 (3), das páginas 367 a 371, publicou trabalho comprovando nos EUA este efeito por E. Ernst et M. H. Pitler. Tem efeito antiplaquetário - portanto pode facilitar sangramentos, o que faz com que cuidemos mais quando a indicamos para gestante, apesar do trabalho do pesquisador. J. Sertie (1992) mostrou seu efeito antiácido e Yamahara, Kasahara, Sakai e Yoshikawa mostraram ser o gengibre um bom cicatrizante de úlceras pépticas. Inibição da agregação das plaquetas e da formação de prostaglandinas foram comprovadas por Srivastava, Mustafá, Verma, Lumb, todos na década passada.
Foi comprovado por Srivastava (em 1992) como antinflamatório e antipirético em animais. Está na farmacopéia da Áustria, EUA, Grã-Bretanha, China, Egito, Japão, Índia e Suíça, o que é sinal de comprovação científica de seus atributos.
Na Índia é tida como planta quente, pois acumula o fogo que consegue com a fotossíntese e segundo eles é o princípio do metabolismo e da transformação. Assim ela gera energia em nosso corpo.
Usos aprovados pela comissão E, prevenção de sintomas de cinetoses e problemas dispépticos. Como alimento tem 61 calorias em cada 100g.
Contra indicação: Óleo essencial é contra indicado durante a gravidez e o aleitamento materno, pessoas com colite, úlceras pépticas, doenças hepáticas e neurológicas.
Uso culinário: Gengibre possui sabor forte, quente, doce e picante, conserva particularidades especificas de sabor, aroma e propriedades quando utilizado fresco, em conserva ou seco. É muito utilizado na culinária oriental, sendo aplica em uma infinidade de pratos como bolos, pães, sobremesas, molhos, sopas, aperitivos, arroz, carnes, peixes, aves, legumes, saladas, frutas e bebidas.
Referencias:
ALONSO, J R., Tratado de Fitoterapia, Bases Clinicas y Farmacológicas, Editora: Íris, 1998.
LINGUANOTTO, NELUSKO NETO. Ervas & Especiarias: com suas receitas: dicionário gastronômico. 2a São Paulo – SP, Editora Gourmet Brazil / Boccato Editores, 2004.
Plantas que Curam: cheiro de mato. São Paulo – SP, IBRASA, 1997.
NEGRAES, PAULA. Guia A-Z de Plantas: condimentos. São Paulo – SP, Bei Comunicação, 2007.
PANIZZA, SYLVIO. Plantas na cozinha: ensinando a cuidar da saúde com temperos, especiarias e outros alimentos. São Paulo – SP, prestigio 2005.
MARTINS, ERNANE RONIE. CASTRO, DANIEL MELO de. CASTELLANI, DÉBORA CRISTINA. DIAS, JAQUELINE EVANGELISTA. Plantas Medicinais. Viçosa – MG, Universidade Federal de Viçosa, 2000
Rosy L. Bornhausen. As Ervas do Sítio. São Paulo – SP, Bei Comunicação, 2008
Na web:
http://ci-67.ciagri.usp.br/pm/ver_1pl.asp
www.wpro.who.int/internet/files/pub/69/toc.pdfs
http://www.cpafro.embrapa.br/embrapa/infotec/gengibre.PDF
http://www.ufpel.tche.br/faem/agrociencia/v10n1/artigo08.pdf
http://www.scielo.br/pdf/hb/v23n4/a33v23n4.pdf
http://www.editora.ufrrj.br/rcv/vida27-1/10-20.pdf
http://www.iapar.br/
Achei muito interessante e com informações completas
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